Extratos de cannabis importados Versus Caseiros

      De uma forma geral, podemos classificar essas medicações de acordo com a patologia que procura se obter algum benefício. Cada patologia exige sua dosagem e seus
componentes específicos para conseguir melhor resultado com alto controle de danos e
poucos efeitos indesejados.
        Sendo assim, temos na prática, duas classes de medicamentos á base de cannabis
circulando no território nacional.
      O primeiro, são os extratos importados, medicamentos com altas concentrações
de CBD ( variando entre 1 e 80 % ) e baixas de THC ( < 0,2 % ). Medicamentos esses, que
hoje possuem autorização da ANVISA e CFM para importação para os pacientes que,
provarem o uso compassivo ou portadores de epilepsia refratária. Apesar de estar em
baixas concentrações, o THC nesses medicamentos, ainda exercem seus efeitos
psicoativos, devido á sua alta afinidade pelos receptores. Vale relembrar que esses efeitos são transitórios, reversíveis e não graves.
      No segundo grupo, temos os extratos caseiros nacionais, que devido á sua forma
de cultivo e extração, são dosados de acordo com a concentração do THC e não do CBD.
Como já dito antes, devido á alta afinidade e forte influência do THC na atividade final,
torna-se o principal composto quantificado, fator até de segurança para a orientação á
respeito dos efeitos indesejados. Sendo assim, são titulados de acordo com cada grupo de
cultivadores, que seleciona a sua genética própria, extraindo das flores um substrato final, que diluído, terá sua concentração estimada.
      Sendo assim, temos as titulações em 1%, 2% e assim vai até 100% ou extrato puro
de THC. Exemplificando, aquele titulado como contendo 1% de THC, está sendo
considerado a quantidade de 10 mg de THC em 1 ml do extrato.
      Obviamente, isso varia de acordo com a idade e peso do paciente, patologia em
questão, fase inicial ou avançada da doença, comorbidades e o uso ou não de
medicamento neuropsiquiátrico, tendo a necessidade de alguns casos, acompanhamento
bioquímico e das dosagens sanguíneas dos medicamentos usados na terapêutica
convencional.
     Mas esse modelo de titulação baseado apenas nesses dois protagonistas, o THC e
CBD, se mostra ainda muito arcaico no que se refere à uma análise espectral de todos os
benefícios e compostos contidos na planta Cannabis. Criando essa ponte científica entre
os métodos de pesquisa e os compostos THC e CBD, deixamos de lado mais de 100
canabinóides conhecidos, que quando atuando juntos, surpreendem os resultados
gerando tão variadas conclusões á respeito do seu uso como extrato da planta inteira.
    Quando pudermos compreender a farmacodinâmica e biodisponibilidade da maioria dos compostos canabinóides, pelo menos das principais genéticas já em uso atualmente, talvez possamos no futuro gerar protocolos individuais para a conexão genética-patologia. Escolhendo assim a planta exata para o tratamento daquela doença
contida naquele indivíduo. Seria como se o laboratório viesse até sua casa e te
questionasse e avaliasse quais as suas maiores queixas e problemas devido á doença que
aflige.

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